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Os Bogomilos e suas crenças

  • Foto do escritor: Warley Frota
    Warley Frota
  • 30 de jan.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 31 de jan.


Crédito da imagem: Heberth Ventura



Os historiadores dizem que a palavra "bogomilos" significa na língua eslava "amigos de Deus", outros dizem que o povo que assim se chamava recebeu o apelido de um seu líder por nome Bogomil no décimo século.


Vedder, na sua obra Breve História dos Batistas relata acerca dos bogomilos:



“que a seita é mais velha do que o nome; o partido ou a denominação bogomila existia muito antes deste título. Representaram durante o período medieval, quando comparados com a religião de Roma, a fé mais pura e a prática mais apostólica, ainda que misturada com algumas doutrinas grotescas, e uns poucos de erros sérios.”[1]



Os bogomilos surgiram, segundo alguns historiadores, a partir do século X. A carta de Teofilato Iecapenus (933-956) ao czar Pedro da Bulgária confirma sua existência nesse período, fornecendo as primeiras evidências do Bogomilismo na Bulgária. Durante o reinado do czar Pedro (927-969), o cristianismo ortodoxo ainda era relativamente recente na região.


Originários da Bulgária, os bogomilos parecem ter migrado junto com os paulicianos para a Trácia, disseminando-se entre as populações eslavas. Devido às perseguições, espalharam-se para a Bósnia, onde encontraram seu maior desenvolvimento. No século XII, já eram numerosos nessa região e expandiram sua influência para Split e Dalmácia, onde entraram em conflito com a Igreja Católica Romana.


Assim como ocorreu com muitos grupos anabatistas ao longo da história, a literatura dos bogomilos é escassa. As perseguições que enfrentaram, aliadas à destruição sistemática de seus escritos, deixaram poucos vestígios de sua história. No entanto, as evidências remanescentes são suficientes para demonstrar a existência de igrejas de crentes batizados, discípulos do Senhor Jesus Cristo, que preservavam os ensinamentos dos apóstolos, recebidos de Cristo e registrados nas Escrituras, em um testemunho ininterrupto desde os primórdios.


A ausência de uma estrutura organizacional centralizada e a independência de cada congregação resultaram em variações entre as diferentes igrejas. Além disso, as características dos líderes mais influentes ao longo do tempo contribuíram para que cada geração se diferenciasse, seja na espiritualidade, seja na ênfase dada a determinados ensinamentos. No entanto, todos afirmavam extrair sua doutrina das Escrituras e dar continuidade à tradição apostólica.


Os bogomilos, assim como os paulicianos, rejeitavam a veneração de Maria como Mãe de Deus e a adoração da cruz. Além disso, criticavam duramente as cerimônias da Igreja Ortodoxa e seus líderes, referindo-se aos sacerdotes ortodoxos como “fariseus cegos”. Acusavam-nos de não celebrar a Ceia do Senhor conforme a ordenança divina e negavam a transubstanciação, afirmando que o pão utilizado no rito não era o corpo de Cristo, mas apenas um pão comum.


Os bogomilos não foram acusados de levar uma vida de maldade, mas de pensar livremente e de não reconhecer qualquer autoridade. As Escrituras eram o seu fundamento doutrinário e não a tradição oral autoritária de qualquer Igreja Estatal como assim nos afirma um dos seus opositores, o “pai” da Igreja, Gregório de Nissa que referindo-se aos thonraks (outro nome dado aos bogomilos) afirma:



“De uma posição considerada negativa pela Igreja, esta seita tomou um rumo positivo e começou a examinar o próprio fundamento, as Sagradas Escrituras, buscando nelas um ensino puro e uma direção segura para a vida moral”.[2]



Um renomado erudito do século X, Muschag, ficou profundamente impressionado com os ensinamentos dos bogomilos. Para ele, condená-los simplesmente por suas crenças era um ato desprezível e anticristão. Muschag via nos bogomilos a essência do verdadeiro cristianismo apostólico. Ao tomar conhecimento de um caso de perseguição contra eles, expressou admiração por sua fé e resiliência, afirmando que a vida que levavam era digna de inveja.






Warley frota



.oOo.




[1]VEDDER. Breve História dos Batistas, Trad. de Hayes, pgs. 85-86.


[2]HAMILTON, J. (Editor), HAMILTON, B. (Editor), STOYANOV, Y. (Editor). Christian Dualist Heresies in the Byzantine World c. 650-c. 1450 (New York, 1998).


2 Comments


Guest
Feb 05

Que nós também possamos ser perseverante na doutrina dos apóstolos como eles foram!

Toda glória seja dada a Deus.

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Tomás Braga
Tomás Braga
Feb 01

A eclesiologia anabatista é de fato admirável...

Glória a Deus!

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Espada Luminosa

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