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Os Paulicianos e suas crenças

  • Foto do escritor: Warley Frota
    Warley Frota
  • 25 de jan.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 26 de jan.


Crédito da imagem: Heberth Ventura



As tradições narradas pelos monges Gregório, Pedro Siculus e Photius em suas crônicas relatam que os paulicianos surgiram na segunda metade do século VII, por volta do ano 660, tendo como fundador um homem chamado Constantino, residente em Mananalis, uma pequena cidade situada nos arredores de Samosata. Constantino recebeu a visita de um diácono que havia sido prisioneiro entre os maometanos e, ao retornar do cativeiro, presenteou-o com um exemplar do Novo Testamento no idioma original. Na época, os leigos começaram a sentir-se excluídos do acesso à leitura das Escrituras Sagradas, sentimento este que foi amplamente reforçado pelo clero, tanto no Oriente quanto no Ocidente, que desencorajava a livre leitura do texto sagrado.


A crescente ignorância bíblica tornava a maioria dos leigos incapazes de ler as Escrituras Sagradas, não por força de decretos eclesiásticos proibitivos — que não parecem ter existido à época —, mas pela ausência de oportunidades e educação formal. Nesse contexto, Constantino, um habitante de Mananalis, fez um uso notável do presente recebido de um diácono que retornara do cativeiro entre os sarracenos: uma cópia do Novo Testamento no idioma original.


A partir desse texto sagrado, Constantino dedicou-se a estudar profundamente as Escrituras, exercendo seu entendimento crítico e formando uma teologia fundamentada nos ensinamentos do Novo Testamento. Entre os apóstolos, Paulo destacou-se como sua principal referência, devido ao caráter sistemático de seus escritos. Constantino passou a considerar as epístolas paulinas como a base de sua fé e doutrina, encontrando nelas o reflexo das verdades do restante das Escrituras. Inspirado por esse estudo, ele assumiu como missão retornar ao cristianismo primitivo, moldado pelos ensinamentos do apóstolo Paulo.


Por essa razão, segundo alguns historiadores, o movimento fundado por Constantino passou a ser conhecido como Paulicianos, em referência à forte conexão desses cristãos com as cartas de Paulo. Esse apego singular às epístolas apostólicas marcou profundamente a identidade e a espiritualidade desse grupo, que buscava resgatar uma forma mais autêntica e bíblica do cristianismo.


Entre as crenças dos paulicianos, destacam-se notáveis semelhanças com os novacianos e os cátaros que viviam na Europa. Uma de suas concepções fundamentais era a rejeição à coerção religiosa, especialmente em relação à adesão à igreja. Para se tornar membro da Igreja Pauliciana, era necessário passar pelo batismo, que deveria ser buscado de forma voluntária e sincera, muitas vezes acompanhado por lágrimas e súplicas de adultos fiéis e penitentes.


A Igreja Pauliciana rejeitava qualquer tentativa de forçar alguém a ingressar em sua comunidade contra a vontade. Em vez disso, submetia os candidatos ao batismo a um rigoroso exame espiritual, com o objetivo de verificar se seus corações e mentes haviam sido genuinamente transformados. Esse cuidado visava proteger a igreja contra adesões superficiais ou impostas, que nada mais seriam do que conformidade externa, insuficiente para sustentar uma fé verdadeira.


Além disso, os paulicianos mantinham uma postura firme contra a adoração de imagens, prática que se espalhava cada vez mais pelo Oriente. Sua abordagem ao uso dos sacramentos era estritamente bíblica, rejeitando o culto a relíquias e qualquer elemento associado à superstição. Para eles, não havia outro mediador entre Deus e os homens além do Senhor Jesus Cristo, reafirmando uma fé centrada exclusivamente nas Escrituras e nos ensinamentos de Cristo.


Essa simplicidade e pureza doutrinária distinguiam os paulicianos, destacando-os como um movimento profundamente comprometido com a autenticidade do cristianismo primitivo e resistente às influências externas que comprometiam a fé genuína.





Warley Frota

2 Comments


Guest
Jan 30

Muito bom e esclarecedora as informações sobre esse grupo que dentre outros deu continuidade a fé apostólica.

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Virginia andrade
Virginia andrade
Jan 26

Excelente! 👏🏻

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Espada Luminosa

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