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A morte do homem

  • Foto do escritor: Pastor Glauco Barreira M. Filho
    Pastor Glauco Barreira M. Filho
  • 12 de jan. de 2023
  • 3 min de leitura



“O fato de que não posso evitar o mal que vem dos homens cujos princípios condeno não me obriga a ajudá-los ou aplaudi-los.” (G. Groen Van Prinsterer)


Nietzsche anunciou a “morte” de Deus no Ocidente, prognosticando a morte do homem como a sua consequência. O que o “profeta do nazismo” queria dizer era que a concepção ocidental de homem estava diretamente ligada ao teísmo.


No Ocidente, a crença judaico-cristã na presença da imagem de Deus no homem teve muitas consequências. Do ponto de vista religioso, ela reconheceu a imortalidade da alma e a lei moral inscrita na consciência. Do ponto de vista filosófico, fez a diferença entre o homem e o animal ser qualitativa e não meramente quantitativa. No campo jurídico, possibilitou o desenvolvimento da ideia de dignidade da pessoa humana e dos direitos fundamentais.


O declínio da influência cristã no Ocidente, chamada de “morte de Deus” por Nietzsche, está produzindo a “morte” do homem como conhecemos. O ser humano passa a ser visto como um fruto do acaso, da evolução seletiva. A sua distinção do animal passa a ser vista como quantitativa (maior complexidade) e não qualitativa. Dentro desse escopo, a alma fica reduzida ao cérebro e a liberdade se transforma em ilusão. A moral passa a ser vista como opressão e a livre expressão dos instintos passa a ser recomendada. Não há mais um motivo radical para se falar em dignidade da pessoa humana, enquanto os direitos fundamentais são considerados apenas uma criação da cultura ocidental.


Com a morte da concepção cristã de homem, surge uma cultura de destruição. A filosofia vira desconstrutivismo, enquanto verdade e o bem perdem o seu significado. A vida humana é esvaziada de seu valor e o aborto juntamente com a eutanásia e o suicídio assistido passam a ser defendidos com ardor. Dietrich Bonhoeffer assistiu isso acontecer no nazismo e chamou esse processo de “nadificação”.


O filósofo judeu Hans Jonas disse que a lei moral exige maior proteção para o mais fraco, observando que a vida humana é mais frágil nas fases seminal e terminal. Assim, o embrião e o velho são os que mais precisam de proteção. A atual sociedade, porém, tendo reduzido o humano ao nível animal, pode justificar, ao lado de Nietzsche, que o mais forte destrua o mais fraco, assim como o lobo faz com as ovelhas.


Essa sociedade “nadificada” não se incomoda com contradições, pois a lógica também é vista como uma invenção ocidental ou um produto superável do percurso da evolução. Assim, as feministas defendem o aborto generalizado no Ocidente, mas combatem o aborto seletivo de crianças do sexo feminino no Oriente. Uma associação americana não vê contradição entre a sua apologia do aborto e o seu combate à matança de filhotes de foca. A Inglaterra não percebe que, ao descartar milhares de embriões humanos congelados, pratica um genocídio coletivo tão grave como os que aconteceram na Alemanha nazista e na África.


Agora, os aleijados e deficientes são vistos como um peso social. Na Europa, o aborto eugênico tem sido praticado e crianças nascidas com certas anomalias têm sido sacrificadas impiedosamente ao nascer. Não é de admirar que nessa Europa decadente cresça também o tráfico de mulheres estrangeiras para a escravidão no mercado sexual, enquanto no Terceiro Mundo prolifera o trabalho escravo nas grandes fazendas.


Heinrich Heine e Carl Jung anunciaram que o declínio do cristianismo na Alemanha despertaria o espírito bárbaro e pagão dos antigos germanos. Foi o que aconteceu através do nazismo. Hoje, nós vemos a televisão apresentar torneios de luta livre com os festejos da população. As lutas são muito mais violentas e sanguinárias que o boxe. Estamos vendo uma volta aos gladiadores do paganismo romano.


Por fim, gostaria de falar dos esportes radicais, os quais fazem do perigo uma diversão, estimulando a adrenalina pela aproximação da desgraça. Aqui, devemos nos lembrar que Satanás tentou Jesus no deserto, convidando-o a pular de um lugar alto baseado na promessa de que os anjos não lhe permitiriam tropeçar em alguma pedra. Jesus, porém, respondeu: “Não tentarás ao Senhor, teu Deus!”.


Nas “Memórias de Pickwick” de Charles Dickens, o sábio e bom Samuel Pickwick diz:



“- Meu amigo – disse Pickwick – eu adoro todas as competições desportivas, inofensivas e lícitas, onde não corra perigo a vida humana, que é o mais precioso dos dons.”



Durante o nazismo, o teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer observou que os que defendiam na Alemanha a vida (dentro de uma visão humanitária) se aproximavam espontaneamente da igreja evangélica. Naquelas horas agonizantes, o cristianismo oferecia uma visão mais elevada de todos os homens.


A nossa oração é para que os que defendem a dignidade da vida e da pessoa humana nesses dias vejam na aproximação com o cristianismo o caminho para fortalecer a sua própria posição!




Pastor Glauco Barreira M. Filho

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